Escrevo e amo sem pensar e ainda estou à espera que a vida me diga se é um defeito ou uma qualidade.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Um dos nossos ultimos poemas
São as partes feias de mim que ainda existem aqui,
nesta pessoa que me tornei sem ti,
naquilo que não querias que me tornasse na tua despedida.
Fumo uns cigarros meio apagados,
que atacam a minha traqueia e os meus pulmões.
O meu corpo tem as mesmas formas desde o dia que lhe tocaste pela ultima vez.
Sou um algo que ainda não tem nome,
ando à procura de mim desde que foste,
tornei-me numa alma que envelheceu muito rápido.
São as partes feias de ti que ainda existem aqui,
neste mundo em que ambos habitamos mas não nos vimos,
felizmente que não temos qualquer contacto,
já que em todas as vezes que os nosso olhos se viram acabámos acabados.
Fumas uns cigarros que antes criticavas,
que atacam a tua moral e ética.
O teu corpo tem as mesmas formas desde o dia que lhe toquei pela ultima vez
pois é assim que o vejo enquanto durmo e imagino.
És um algo que ainda não tem nome,
andas à procura de mim noutras pessoas desde que decidiste ir,
tornaste-te numa alma nova que não quer envelhecer rápido.
São as partes feias de mim que ainda existem aqui,
na tua pessoa que antes era minha,
na alma que antes se encaixava com que era e já não sou.
Deixei de ser quem era por teres deixado de me querer como eu era.
Fumas uns cigarros que te lembram de mim,
do fumo que mandava ao ar nas tardes frias que passávamos juntos.
O meu corpo tem as mesmas formas desde o dia que lhe tocaste pela ultima vez,
pois é deste modo que me desejas nos cenários que crias na cama que dormes sozinho.
És um algo que ainda não tem nome
pelos erros que cometeste no passado e por me teres deixado ir,
tornaste-te numa alma nova que quer envelhecer com a minha mesmo que já não possa.
São as partes feias de ti que ainda existem aqui,
na pessoa que sou e que está perdida por te ter perdido.
O mais doloroso da tua despedida foi a falta de justificações que me deste,
preencheste-me com vazios e beijos doces na cara como se me fossem calar.
Fumo uns cigarros que me lembram dos maços que comprávamos juntos,
o passado era tão mais fácil,
o tabaco era mais barato e a minha boca com hálito a nicotina tocava na tua.
O teu corpo tem as mesmas formas desde o dia que lhe toquei pela ultima vez,
na minha cama que já não é minha pois abandonei-a por me teres abandonado.
Sou um algo que ainda não tem nome,
por não saber a razão de não ter valido a pena ficar comigo,
tornaste-me numa alma velha que quer ser nova com a tua.
São as nossas partes feias que ainda existem aqui,
em nós, debaixo das peles que tapamos com roupas que oferecemos um ao outro,
elas existem para nos lembrarem que não haverá possibilidade de reatarmos.
Fumamos uns cigarros de saudades mas eles não chegam para diminuir o odio,
a raiva e todos os sentimentos de culpa, inveja e repulsa que existem em nós.
Os nossos corpos têm as mesmas formas mas já não são os mesmos,
o desejo ainda existe mas o nosso toque não os agrada.
Somos um algo que ainda não tem nome mas já teve antes,
perdemos o apelido por razões egoístas.
Tornamo-nos em almas vazias uma da outra que se odeiam por se terem amado um dia.
-MariaCunhaESilva
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