sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Liamos juntos



Lembro-me de uma vez te ter mandado um daqueles textos sobre relações.
Hoje estava a ler blogues e voltei a encontra-lo.
Lá estava escrita a principal razão pelo final dos namoros e casamentos, a desistência por mínimos motivos ou mesmo sem motivos.
Ironicamente, lembro-me também do que me disseste depois de leres.
Disseste-me que me amavas e que nunca seriamos um desses casais que desistem.
Duas semanas depois deixaste-me.
Sem respostas, sem um fundamento ou explicação.
Queria-te ter lido o texto antes de teres ido mas não o encontrei.
Acabámos por ser aquilo que sempre me tinhas dito que nunca viríamos a ser.
No meio da nossa história de luta temos uma falha sem sentido.
Um dia liamos juntos e no dia a seguir começaste a odiar tudo o que era literatura.
O amor mostrou-me o melhor de ti.
Quando me deixaste de amar tudo aquilo que pensava que eras não passava de uma ilusão que estava camuflada pela vontade que tinhas de estar comigo e quando essa acabou, tudo o que mostravas ser não era realmente a tua pessoa.
Quando passavas na rua sozinho ou acompanhado só queria ler para ti.
Queria perguntar quantos textos que tínhamos lido juntos ainda significavam aquilo que acreditavas.
Vi com as tuas decisões que a tua filosofia de vida era outra e que a tua leitura era nula.
Pensava que te lembrarias sempre do amor em páginas meio-gastas mas foi o odio que nelas se acumulou.
Li numa crómica qualquer de uma revista que só conhecemos alguém quando essa pessoa deixa de sentir algo por nós e eu sei que sempre quis saber tudo sobre ti mas tinha preferido ficar na ignorância do que conhecer as partes tuas que acabei por conhecer.
Nessa cronica não estava escrito que também conhecemos partes de nos próprios quando quem amamos nos deixa de amar mas isso entendi pela vida, pelas lagrimas, álcool e folhas rasgadas.
A tua desistência fez-me conhecer as duas pessoas que viviam dentro de nós mas que não tinham a possibilidade de serem soltas porque o amor era reciproco.
Leio muito, quase sempre tudo me faz lembrar de ti ou já li para ti.
Hoje li um final sonhador, dizia "para sempre".
Recordei-me de nós, daquele amor poético e autentico, das unhas cravadas e os lábios inchados.
Gostava de mandar-te uma carta a perguntar todas as razões de me teres deixado mas tu não a abririas.
Tens medo da minha escrita ou apenas de ler - ler o que em ti há mas não queres que haja.
Tanto como os livros, os poetas e prosas, o amor é eterno e ele só morrerá no dia em que voltares a ler com paixão e eu deixar de escrever com ela.
Até eu espero que tu te lembres daquilo que eras, no que lias e acreditavas.
Que amor nos melhore pois nascemos para amar e ser felizes.
E espero que eu me lembre daquilo que sou, no que escrevo e quero escrever.
O amor magoa mas não para sempre e o odio é desnecessário.

-MariaCunhaESilva