Escrevo e amo sem pensar e ainda estou à espera que a vida me diga se é um defeito ou uma qualidade.
quarta-feira, 22 de março de 2017
Aquele texto é sobre vocês
Quem me dera escrever os vossos nomes, daqueles que amei e daqueles que usei para esquecer quem amei. Ai se eu pudesse mostrar ao mundo quem vocês são, tão diferentes uns dos outros mas guardam, simultaneamente, uma parte de mim.
Quem me dera escrever o nome do meu primeiro amor como título em letra maiúscula e dizer-lhe que o amo para sempre. Escreveria o nome de quem dei o primeiro beijo que dei enquanto o álcool passava nas minhas veias num texto curto e usaria o nome como inicio de qualquer frase.
Se o mundo fosse apenas nosso, meu e deles, eu escreveria livros para cada um deles, em agradecimento por terem-me dado o corpo, os lábios, as lágrimas, o peito, a voz ou o sentimento. Se o universo fosse apenas de quem me tocou, gritaria o nome de todos eles nas ruas das cidades.
Às hipócritas que acreditam que a vida não é para ser partilhada por tanta gente, recitar-lhes-ia poemas sobre sermos do mundo e sobre o fantástico que é sobreviver a um coração partido, sentir a pele de quem não se sabe a data de nascimento e amar durante anos. Viver é conhecer tudo isso e mais ainda. Quem me dera puder dizer que sexo é bom sem amor porque o fiz com (e gritaria o nome dessa pessoa). Quem me dera escrever, para quem me lê, o nome do homem com quem partilhei a relação mais longa. Quem me dera dizer, em formula de desculpa, o nome de todos aqueles que beijei a pensar que me poderiam fazer esquecer outra pessoa.
Se as letras são minhas e a alma também, quem me dera puder gritar, aos céus e aos mares, o nome de todos aqueles que receberam algo de mim. Quem me dera não ter de usar nomes fictícios, histórias modificadas e expressões irónicas.
Se o mundo visse o bonito que é nos entregarmos, não reagiria mal ao facto de dizer o nome completo de quem já foi mais do que um simples estranho. Mas, eu que escrevo com modificações para não afetarem a vida de quem já viveu a acompanhar os meus passos, sou apontada pelos outros como egoísta que expõe a pele e o amor que já me deram, então nem quero imaginar quem seria eu neste mundo se o título daquilo que escrevo fosse nu e cru, simples, direto e verdadeiro.
Aos que hoje me leem, não tentem entender a vida que percorro, os nomes dos homens que já foram meus e eu deles e que textos são mesmo sobre a minha vida pois por mais que eu não queira, tenho de viver com os rótulos que me apresentam e para sobreviver a isso, as minhas palavras são passadas a pente fino para não conseguirem entender de quem se trata ou se, realmente, se refere a alguém. A todos os amores, homens que já me tocaram, se um dia pensarem que aquele texto é sobre vocês, estejam em paz ou perdoem-me pois eu já não escrevo sobre mim nem sobre vocês - tenho-vos apenas guardados num canto suave, branco e intocável em mim.
-MariaCunhaESilva
quinta-feira, 2 de março de 2017
Ensinamentos dos meus amores
1º: Aprendi a amá-lo em silêncio. Guardei em mim os sentimentos. Éramos uma paixão calada, um quase-amor que foi mais amor que muitos. Ele ensinou-me a procurar o amor em textos, em livros e em músicas. Foi com ele que me apercebi que quando se ama, essa pessoa transforma-se até em flores de um jardim abandonado. Nunca o disse que o amava mas ele sabe.
2º: Ensinou-me a amar em frente dos outros. Mostrou-me as consequências de uma relação com rótulos mas também me mostrou todas as vantagens. Éramos um amor virgem sem passado a atormentar-nos. Foi com ele que vivi o meu amor de verão, aquele que sempre queremos que dure mais de dois meses e meio. Disse-lhe que o amava e ai, pela primeira vez de sempre, ouvi alguém dizer "Eu também te amo, muito!".
3 º: Ensinou-me a verdade, a realidade e a monotonia. Mostrou-me a parte menos brilhante do amor, aquela que nos faz ser apresentados aos pais. Fomos um amor para durar mas que não durou. Foi com ele que aprendi a amar com calma, sem medo de ser deixada. Disse-lhe que o amava, menos do que devia mas disse-lhe e ainda bem que disse pois ele merecia.
4º: Foi um fantasma do passado. Vivi dois amores numa só pessoa. Fomos o amor contra o mundo inteiro. Éramos nós e só nós e éramos felizes. Ele ensinou-me a seguir o meu coração apesar das quedas. Mostrou-me o céu e o inferno, fez de mim a mulher mais feliz do mundo e a mais triste de sempre. Com ele, tinha sempre os olhos brilhantes e um desejo do para-sempre. Disse-lhe que o amava como nunca tinha amado ninguém e tudo o que dizia era recíproco.
5º: O quinto amor é uma junção de várias pessoas, que todas juntas formam um sentimento. Foi com elas que cresci como mulher. Foram elas que me mostraram a vida com independência e com o corpo à mistura. Ensinaram-me que não há melhor amor que o próprio e que a felicidade é mais do que outra pessoa a nosso lado. Nunca lhes disse que os amava porque não amei mas agradeço por me terem feito crescer como pessoa.
6º Ensinou-me a escolher à minha maneira, a decidir em vez de deixar que decidam por mim. Mostrou-me o meu corpo como nunca ninguém tinha feito. Fez-me chorar de alma aberta, sem medos que me deixasse de amar. Foi um amor de luta, de gastos, de brigas e de reconciliações. Com ele, aprendi a ver o amor de maneira diferente e a amar de maneira mais madura, a aguentar a monotonia e o tempo que não para. Disse-lhe que o amava e explicava-lhe o porquê e ele respondia "Eu cá amo-te por tu seres tu." e bastava-me como resposta.
- Ensinamentos dos meus amores
-MariaCunhaESilva
quarta-feira, 1 de março de 2017
A vida depois de ti
Os corpos esmagam-me o peito. Os beijos rebentam-me os lábios. As mãos suam agarradas às minhas. O sexo é bom mas não é amor. Os cabelos são suaves mas nunca cheiram como o teu. Os pescoços arrepiam-se mas nunca me sabe tão bem dar prazer a alguém como quando te dava. As costas suam mas nunca fazem com que as minhas unhas lhes pertençam.
Já provei tantas pessoas e só me lembro do teu sabor. Já despi tantos corpos e só me consigo lembrar das nossas roupas a caírem lentamente ao nosso lado. Já escrevi tantas mensagens mas só me recordo de senti-las quando eram enviadas para ti. Já me tentaram tocar de todas as maneiras possíveis mas nunca conseguiram chegar ao teu nível, à tua intensidade. E não os culpo, a todos os meus amores, a todos os meus casos de uma noite, a todos os relacionamentos rápidos - não os culpo porque sou eu que meto um travão naquilo que sinto para assim conseguir ter-te em mim, naquela esperança ridícula que um dia vais voltar a ser o que já foste.
Termino relacionamentos e choro aos soluços, falo comigo própria enquanto a minha voz não tem forças para formular uma frase. Choro por nós, por não termos dado certo quando era e é tudo o que quero e por ter de viver numa obrigação lunática de ter de tentar com outros que nada a ti se parecem. Choro por pensar que tudo seria mais fácil se tivesses querido ficar, pois eu sei que continuaria no mesmo sítio de sempre, com as tuas mãos a fazerem círculos à volta do meu umbigo enquanto eu te tocava no cabelo. Choro por ter de lutar por pessoas que não são como tu, apenas porque eu não posso ficar para sempre sozinha e porque mereço uma oportunidade mas eu nunca aguento, nunca aguento tentar e brigar a não ser por ti.
Tenho de fingir que estou a seguir em frente e tentar amar de novo mas nunca dá, por mais que tente eu não quero - tenho medo que o dia em que eu desistir, tu voltes. Então, tenho de vver a minha vida a imitar todas aquelas que procuram o amor da vida delas mas com a diferença que eu já sei quem é o meu e que ele não me quer. Tenho de andar por aí, de cabeça erguida mesmo que o meu peito esteja desfeito por não ter a história que quero ter.
Discuto com os pulmões abertos e lembro-me da calmaria que era amar-te. Parece que o mundo não quer que seja fácil para mim ter uma vida sem ti, ter um futuro sem o programar contigo. Ao mesmo tempo que eu tento, recebo respostas do destino que parece dizer-me que o meu lugar certo e perfeito é ao teu lado apenas.Odeio estes caminhos que percorro à tua procura, preencho-me de pessoas quando só te quero a ti , para tentar preencher um vazio que fica ainda mais vazio quando me apercebo que nunca dá certo com outros.
As minhas mãos tremem e bato com os punhos contra a parede pois não sei o que fazer mais para te esquecer ou para te ter de volta. Pergunto-me que palavras faltam e que lágrimas faltarão para deixar de te amar ou para te ter de novo a meu lado. Estudo todo o meu percurso desde o dia que me deixaste até ao dia de hoje, tento apontar falhas em mim como forma de justificar-te já que nunca me deste uma razão estável e decente para a tua despedida. Pior do que perder um amor é perdê-lo sem saber porquê, foi um viver com toda a perfeição invejável para que no dia seguinte tudo acabasse sem uma justificação plausível e madura. Matar um amor assim é matar a pessoa que vive nele, a pessoa que o alimenta e que se alimenta dele - e foi isso que me fizeste, mataste-me. Maldito seja o meu coração que, mesmo depois de tudo isto, ainda te ama e que pede que voltes.
Volta meu amor, que perdoar tudo o que fizeste dói menos do que não te ter a meu lado, aqui, agora.
-MariaCunhaESilva
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