Escrevo e amo sem pensar e ainda estou à espera que a vida me diga se é um defeito ou uma qualidade.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Mataste-me
Conheci-te quando o sague em mim estava quente. Sempre soubeste que os meus artistas preferidos foram valorizados depois de mortos, esperei que o mesmo acontecesse comigo mas eu estou morta e tu ainda não voltaste. Cravo as unhas no caixão e espero que grites para a minha sepultura o quanto valor eu tinha em vida. Não te valerá de nada qualquer grito, gemido ou musculo a tremer e de pouco interessará o arrependimento.
Não terei olhos para te ver a chorar, nem boca para te beijar, nem palavras para te desculpar. Mataste-me e como acréscimo tentarás reanimar o que tínhamos quando os meus braços já não tiverem forças nem possibilidade para te agarrar. Haverá flores brancas e rosas na minha campa e tu de preto preencherás o vazio de todo o cemitério, o luto irá matar quem estará ao teu lado e vais ser culpado de vários homicídios apenas devido a toda a culpa que irás carregar por me teres cortado e quebrado até sem deixar outra opção que não a morte.
Morri nua e nos teus braços mesmo que te suplicasse a eternidade. As tuas mãos fortes e com veias salientes nunca me pareceram tão fracas como naquele segundo que me tiraste a vida por opção própria, lembro-me de ver as tuas lágrimas a cair enquanto o sague jorrava nos lençóis onde fazíamos amor. Pedi-te um ultimo abraço e sussurrei o quanto te ainda te amava.
Eu perdi a pulsação tentando sobreviver apenas porque teria a possibilidade de te sentir uma vida inteira, tu perderás uma vida na tentativa de sobrevivência numa existência onde não existo apenas por tua decisão. Carregarás a campa mesmo que ela esteja debaixo da terra.
Eu morta de pele pálida e sem cor ou sabor irei fazer com que me ames para sempre e que o teu vestuário seja baseado em preto e em luto mesmo que outro alguém entre na tua vida.
O sabor da minha morte terá um sabor mais intenso do que qualquer outra existência que se acolha nos teus braços.
No funeral irás abraçar a minha mãe, suplicar-lhe para que te conte a quantidade de lágrimas que jorrei por ti, tocarás na mão do meu pai e irás quebrar-te por teres morto a pequena menina dele, vais confessar-te ao padre e a Deus o quanto errado estavas em teres-me golpeado mesmo sabendo que não haveria possível reanimação depois disso. E no final de tudo não irás amar mais ninguém pois será tarde de mais quando te aperceberes o amor que sentias por mim pois ofereceste-me a eternidade que não é possível ser passada a teu lado.
-mm
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