Prefiro morrer por falta de amor

Não me interessa se morro amanhã mas sim se amanhã chorarás por mim se tal acontecer.
Não tenho medo da morte mas sim de um amor que morra pois, de certo modo, isso é morrer em vida. É viver sem vida.
Se amanhã o meu corpo gritar de dores, não tenho medo. Tenho medo de não estares lá para mim porque não há dor maior do que não se ter quem se ama quando os músculos fraquejam.
Mata-me então, de dores, se quiseres. Morrer de amor dói mas não magoa pois as consequências sabem bem. Dizem em voz baixa "Sentes-te infeliz e cortada porque já foste inteira e com a felicidade ao colo". Prefiro morrer por falta de amor do que por outro motivo pois quem já amou, já cumpriu os objetivos de se viver.


Não me interessa se os meus olhos falham amanhã mas sim se não te poder tocar.
Não tenho medo da cegueira mas sim de não te poder ver e tocar, pois, de certo modo, isso é morrer em vida. É viver sem vida.
Se amanhã a minha boca se calar, não tenho medo. Tenho medo de não estares lá para mim porque não há dor maior do que não se ter quem se ama quando a língua fraqueja.
Mata-me então, de gritos, se quiseres. Morrer de amor dói mas não magoa pois as consequências sabem bem. Dizem em voz baixa "Os teus lábios sangram de saudade pela sorte que foi beijar com sentimento. Agradece por já te teres sentido assim". Prefiro morrer por falta de amor do que por outro motivo pois já quem amou, já não precisa de continuar a viver. Já viveu.


Não me interessa se as minhas mãos falham amanhã mas sim se amanhã me deixares só porque não te poderei sentir.
Não tenho medo da falta de tato mas sim de apenas ter importância pelo toque pois, de certo modo, isso é morrer em vida. É viver sem vida.
Se amanhã as minhas veias gelarem, não tenho medo. Tenho medo de não estares lá para mim porque não há dor maior do que não se ter quem se ama quando as veias fraquejam.
Mata-me então, com uma faca, se quiseres. Morrer de amor dói mas não magoa pois as consequências sabem bem. Dizem em voz baixa "As tuas veias gelam pelo calor que já sentiram, por teres sentido algo tão verdadeiro como o sangue que escorria debaixo da tua pele." Prefiro morrer por falta de amor do que por outro motivo pois quem já amou, já viveu o suficiente.

-Maria Cunha e Silva