MM - Maria Cunha e Silva
Escrevo e amo sem pensar e ainda estou à espera que a vida me diga se é um defeito ou uma qualidade.
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Para o meu primeiro amor que seria atual se não fosse o primeiro
Éramos tão novos e sim eu sei que essa foi a beleza do nosso amor mas também foi a grande tristeza. Amor, meu querido primeiro amor, dentro de mim eu acredito que somos almas gêmeas e que o tempo nos levou para longe porque é sempre isso que ele faz - levar a vida para a frente - porém, se nos tivéssemos conhecido depois, não naquela época maldita onde um erro era o final do mundo, eu sei que ainda estaríamos juntos. Juro e eu sei que jurar é algo sagrado mas contigo sempre tive a certeza que devia ter dado certo mas éramos demasiado ingénuos, demasiado crédulos e a juventude escorria nas veias e isso levou-nos ao nosso final, aquele que ainda ambos sentimos o sabor uma vez ao mês e iremos saborear a vida a toda. Sim, porque foi o nosso final que deu início à nossa vida toda, foi quando larguei a tua mão que escolhi os caminhos que hoje percorro e foi quando afastaste a tua língua da minha que traçaste o plano que hoje segues. Os anos passaram, a nosso lado já estiveram outras pessoas, já presenciamos outras histórias e os nossos corpos já quase não se lembram um do outro e da inocência que partilhavam mas a verdade é que eu sei que tanto eu como tu, iremos guardar a nossa história de amor cada um à sua maneira - eu vou guardar carinho, amor e lágrimas pelos erros que cometeste pela primeira vez comigo e tu vais guardar tudo aquilo que sentes, que eu sei que também te atinge.
Fomos errados, imperfeitos, caímos os dois no chão e não soubemos erguer-nos unidos e a pura realidade é que muitas vezes isso acontece porque o amor pode ser verdadeiramente intenso mas pode ser, ao mesmo tempo, insuficiente. E é sempre nesta parte que começo a sentir a mágoa no meu peito por encarar a tal verdade: nós não fomos suficientes; mas a culpa não foi tua nem minha e, acredita, nem nossa. Foi a nossa idade, a nossa primeira vez em tudo que nos tirou um do outro. Quando estávamos juntos, ambos acreditávamos num amor simples, sem luta, verdadeiro, sentido e quando chegaram demasiadas questões que a vida sempre se encarrega de trazer, tu decidiste ir e eu dei-te toda a permissão do mundo. Não te odeio por isso, aliás, finalmente entendo-te porque eu quando estava a teu lado pensava no amor como sinónimo de facilidade e paz até que a cada vela soprada acabei por me aperceber que a verdade não é essa - o amor necessita de luta, de empenho, de tentativas e de garra e nós, como éramos tão jovens, deixámo-nos perder por não entendermos isso. Se fosse hoje, agora que já passaram uns bons anos, agora que tu já sabes mais sobre o assunto assim como eu, tenho a certeza que não nos teríamos largado, não teríamos escolhido um fim mas também, a nossa beleza está nos erros todos que cometemos de mãos dadas porque a nossa beleza está no facto de sermos o primeiro amor um do outro e de sermos inesquecíveis por isso. Seríamos um amor para sempre se não tivéssemos sido o primeiro mas a verdade é que a eternidade também vive no facto de nos termos apaixonado pela primeira vez um pelo outro.
-MariaCunhaESilva
sábado, 7 de outubro de 2017
Inteligência Emocional
Tenho saudades da tua inteligência emocional.
Descobri isso hoje.
Todos os homens que ficaram depois de ti, queriam ficar para sempre.
Amaram-me fácil.
Fizeram-me sentir simples porque aceitavam tudo.
Choraram ao meu colo.
Disseram-me que iam amar-me para sempre.
Mesmo quando sabiam que ninguém ama para sempre.
Discutiam com a alma aberta e batiam com as portas.
Despiam-se facilmente.
Faziam amor pelo quotidiano.
Deram-me a vida deles para as minhas mãos.
E pediram-me para serem salvos.
Como se no mundo atual alguém perdesse tempo a salvar outra pessoa.
Diziam que me amavam várias vezes ao dia e esperavam uma resposta de volta.
Ofereciam-me a perfeição.
Que se tornava imperfeita por isso.
Eram fáceis de ter.
Fáceis de manter.
Eram previsíveis.
Queriam que eu os curasse de uma doença que não tem cura.
Queriam ter, através de mim, tudo aquilo que não conseguiam obter sozinhos.
E eu nunca os consegui amar.
Não da maneira que eles desejavam.
Nunca entendi porquê.
Até hoje.
Que percebi que tinha saudades da tua inteligência emocional.
Da maneira como enchias o teu peito com certezas.
Como as tuas mãos eram firmes.
E os teus olhos focados.
Dizias que me amavas mas que nunca ias morrer por isso.
Numa discussão, mantinhas a voz calma e escolhias o silêncio.
Quando choravas, mantinhas a postura.
Despias-te lentamente como se me estivesses a pedir para eu guardar cada momento a teu lado.
E guardei.
Fazias amor comigo com vontade, com desejo e com carinho.
Dizias que a vida teria de continuar depois do nosso final.
E continuou.
Quando eu pedia para me salvares de mim própria, tu dizias que só eu me podia salvar.
E tinhas razão.
Todos aqueles que me salvaram, acabaram por me deixar afundar de novo.
Porém, no dia em que me resgatei nunca mais cai.
Dizias que me amavas várias vezes ao dia com a certeza que não precisavas de reciprocidade.
Amavas e ponto.
Amavas-me.
Oferecias-me uma imperfeição.
Que se tornava perfeita.
Nunca foste fácil de ter.
E muito menos de manter.
Porque não havia nada de previsível em ti.
Dizias que os doentes são aqueles que mais saúde têm.
Aceitavas que ambos não tínhamos cura e, assim, éramos felizes.
Obtínhamos, ambos, tudo aquilo que desejávamos quando estávamos de mãos dadas.
E eu amei-te.
Não da maneira que desejavas.
Mas muito mais do que o necessário.
Era demasiado amor.
Nunca entendi porquê.
Até hoje.
Que percebi que tinha saudades da tua inteligência emocional.
Das certezas que me davas.
Do homem que eras.
A teu lado, sentia-me invencível.
Olhava-te como se não fosses um mero mortal.
Ainda hoje acredito que não és.
Não tinhas medo.
Eras aquilo que eras.
A felicidade era de fácil alcance.
Não eras frágil para o mundo.
E a teu lado, eu sentia-me assim.
Enquanto ao lado deles, as minhas fraquezas regressam.
Vejo mortalidade em tudo.
Tenho medo.
A infelicidade torna-se de fácil alcance.
E o mundo vê-me frágil.
Só a teu lado consigo lutar contra os fantasmas.
Contra as dores.
Porque vejo o modo como vives a vida e eu imito-te.
Tento ter a inteligência emocional que te pertence.
E que me faz amar-te ainda.
-MariaCunhaESilva
Descobri isso hoje.
Todos os homens que ficaram depois de ti, queriam ficar para sempre.
Amaram-me fácil.
Fizeram-me sentir simples porque aceitavam tudo.
Choraram ao meu colo.
Disseram-me que iam amar-me para sempre.
Mesmo quando sabiam que ninguém ama para sempre.
Discutiam com a alma aberta e batiam com as portas.
Despiam-se facilmente.
Faziam amor pelo quotidiano.
Deram-me a vida deles para as minhas mãos.
E pediram-me para serem salvos.
Como se no mundo atual alguém perdesse tempo a salvar outra pessoa.
Diziam que me amavam várias vezes ao dia e esperavam uma resposta de volta.
Ofereciam-me a perfeição.
Que se tornava imperfeita por isso.
Eram fáceis de ter.
Fáceis de manter.
Eram previsíveis.
Queriam que eu os curasse de uma doença que não tem cura.
Queriam ter, através de mim, tudo aquilo que não conseguiam obter sozinhos.
E eu nunca os consegui amar.
Não da maneira que eles desejavam.
Nunca entendi porquê.
Até hoje.
Que percebi que tinha saudades da tua inteligência emocional.
Da maneira como enchias o teu peito com certezas.
Como as tuas mãos eram firmes.
E os teus olhos focados.
Dizias que me amavas mas que nunca ias morrer por isso.
Numa discussão, mantinhas a voz calma e escolhias o silêncio.
Quando choravas, mantinhas a postura.
Despias-te lentamente como se me estivesses a pedir para eu guardar cada momento a teu lado.
E guardei.
Fazias amor comigo com vontade, com desejo e com carinho.
Dizias que a vida teria de continuar depois do nosso final.
E continuou.
Quando eu pedia para me salvares de mim própria, tu dizias que só eu me podia salvar.
E tinhas razão.
Todos aqueles que me salvaram, acabaram por me deixar afundar de novo.
Porém, no dia em que me resgatei nunca mais cai.
Dizias que me amavas várias vezes ao dia com a certeza que não precisavas de reciprocidade.
Amavas e ponto.
Amavas-me.
Oferecias-me uma imperfeição.
Que se tornava perfeita.
Nunca foste fácil de ter.
E muito menos de manter.
Porque não havia nada de previsível em ti.
Dizias que os doentes são aqueles que mais saúde têm.
Aceitavas que ambos não tínhamos cura e, assim, éramos felizes.
Obtínhamos, ambos, tudo aquilo que desejávamos quando estávamos de mãos dadas.
E eu amei-te.
Não da maneira que desejavas.
Mas muito mais do que o necessário.
Era demasiado amor.
Nunca entendi porquê.
Até hoje.
Que percebi que tinha saudades da tua inteligência emocional.
Das certezas que me davas.
Do homem que eras.
A teu lado, sentia-me invencível.
Olhava-te como se não fosses um mero mortal.
Ainda hoje acredito que não és.
Não tinhas medo.
Eras aquilo que eras.
A felicidade era de fácil alcance.
Não eras frágil para o mundo.
E a teu lado, eu sentia-me assim.
Enquanto ao lado deles, as minhas fraquezas regressam.
Vejo mortalidade em tudo.
Tenho medo.
A infelicidade torna-se de fácil alcance.
E o mundo vê-me frágil.
Só a teu lado consigo lutar contra os fantasmas.
Contra as dores.
Porque vejo o modo como vives a vida e eu imito-te.
Tento ter a inteligência emocional que te pertence.
E que me faz amar-te ainda.
-MariaCunhaESilva
domingo, 11 de junho de 2017
A primeira vez que te amei
Tal como tudo nesta vida, a primeira vez é memorável para toda a eternidade.
Eu, estava a tomar banho e em cada gota que caia no meu corpo, lembrava-me que era tua e que esperava sê-lo para sempre. No pulso, tinha o teu relógio azul que já nem tinha pilha. Se há amor que tive por ti e que me recordo, é o primeiro que senti por ti.
Tu, foste o meu primeiro, segundo e terceiro amor. Fui tua em tantas diferentes fases da tua e minha vida que tive de aprender a amar-te em cada uma delas. A primeira vez, em que ambos eramos jovens e com borbulhas na cara, foi a mais maravilhosa e mais sensível de todas. Cheirávamos a praia, a melância e a perfume gasto pelas horas de almoço quentes. Dávamos a mão, passeávamos de bicicleta e tudo era tão simples assim, como qualquer primeiro amor deve ser.
A primeira vez que fui tua e tu foste meu, está guardada nas minhas veias e nas minhas mãos, que nunca mais foram as mesmas desde que experimentaram o teu toque. O meu corpo tremia como se estivesse elétrico e sentia-me a flutuar no céu. Ser tua, pela primeira vez, foi o auge da minha existência. Saía de casa com um sorriso na cara e com a cabeça nas nuvens. Nesse dia, soube que nunca seria possível esquecer-te.
A nossa juncão viveu de altos e baixos, de discussões e de abandonos e sempre acabámos por voltar um para o outro mas, agora que posso gritar isto ao mundo, a primeira vez que estivemos como um só, foi a parte mais fundamental para eu decidir nunca mais desistir de ti. Deste-me tão pouco e eu ofereci-te apenas o fundamental mas foi isso, a simplicidade, que me fez querer-te como nunca quis outro alguém.
Pertencer-te pela primeira vez foi mais do que qualquer decisão ou parte da minha vida, foi o início de tudo o que sou hoje e a razão do porquê de me ter tornado em palavras espalhadas em papéis. E por mais que o ódio e o arrependimento que corra nas nossas veias, por nos termos destruído tanto e nos termos vincado tanto, não há qualquer outra pessoa que eu quisesse escolher para ter como primeiro e eterno amor.
E então, foi ali, naquele tão simples momento, quando nos beijamos à luz da estrelas e nos tocávamos com as mãos a tremer, que eu entendi que a eternidade da vida está em amores como aquele que partilhávamos. Hoje, que já não somos um só nem nos tocamos, continuas aqui, afixado na minha alma com um descrição "este é aquele que me deu o inicio da minha existência e que me ensinou o que é o amor real, forte e dramático". Fomos os namorados mais apaixonados do planeta naquele verão que estará sempre cravado em mim.
A primeira vez que quisemos escolher um caminho em conjunto, abriu-nos os olhos para o mundo e tirou-nos a virgindade da alma, que tanto estava guardada para alguém especial. A grande felicidade, que me comove, é o facto de que a primeira vez que te amei foi, simultaneamente, a primeira vez que me amaste.
Tínhamos a bênção e perfeição do nosso lado, éramos os mais felizardos deste planeta por podermos dizer que ambos éramos os primeiros e que tudo o que vivia pela primeira vez, tu também estavas a viver. Porém, o verão começou a desgastar-se e o nosso amor a perder-se pelos fios de areia das praias que não visitávamos em conjuntos e aí, perdemo-nos, deixámo-nos e quebrámo-nos. Foi assim, tão facilmente, que ficámos sem o paraíso que tínhamos criado em conjunto. E fomos viver a vida, aquela que tinha um sentido porque a partilhávamos, sozinhos.
Depois do abandono, veio o regresso, as desculpas, os pedidos sufocantes de que afinal o tempo certo era no inverno e não no verão e eu dei-te a possibilidade de me mostrares. Fomos, mais uma vez, felizes mas nunca como da primeira vez de todas, aquela que éramos virgens e tão simples.
A primeira vez que te amei foi a razão de ter sempre voltado para ti, na esperança de voltar a sentir aquele amor que deixava as minhas pernas fracas, a minha cabeça no ar e o meu coração a mil. Não estou a afirmar que te amei menos da segunda vez, mas amar-te pela primeira vez, foi auge da nossa existência, foi o sonho realizado e o paraíso terrestre.
Quando aceitei ser tua, naquela beco com uma vista que pouco me interessava, estava pronta para a eternidade da minha decisão e o facto de sempre teres decidido voltar e regressar para mim, em soluços, deixou-me com saudades do tempo em que acreditava no nosso "para sempre juntos", como naquele verão quente que me fez conhecer-te por mero acaso e amar-te como consequência disso mesmo.
-MariaCunhaESilva
quarta-feira, 26 de abril de 2017
Na altura que devias passar a nada
Os teus pequenos gestos só foram notados depois de acabarmos a nossa relação - aquele like que era habitual, tornou-se num gesto simpático, aquele "olá" apressado tornou-se em respeito e aquele abraço solto tornou-se num "quero mais mas não posso". A tua despedida fez-me sentir-te em pleno, amar-te em cada milímetro que antes era invisível. O teu adeus tornou-te opulento e impetuoso.
Depois de me deixares, os teus lábios tornaram-se mais irresistíveis e o teu corpo mais excessivo e avassalador - tu cresceste em todas as formas e feitos e tornaste-te no homem que eu sabia que ia amar para sempre. O teu desaparecimento sádico fez-me procurar-te como se não conseguisse viver sem ti, como se a minha vida fosses tu e só tu. Amei-te mais depois de te perder do que antes.
Quando penso na nossa ruína, o meu peito enche-se de orgulho por ter vivido dias de seguida a teu lado, guardei as memórias num local intacto e irremovível da minha alma. Fiz-te de ti o homem da minha vida quando já não o eras. Tornei-te mais meu do que nunca. Chorei pelo amor que estava a criar dentro de mim, um sentimento tão voraz e perpetuo que me ia condenar durante meses e anos. Angustiei-me por te ter feito meu quando já não o eras.
No momento em que te despediste, os teus passos soaram mais firmes, o teu pulso mais forte e o teu cabelo mais brilhante, os teus olhos ostentavam uma segurança e sedução que nunca tinha sentido. Olhei para o teu corpo como se ele se tivesse tornado virgem de novo para mim. Fiz de ti autoridade, eras o sinónimo de Cristo.
Chorei-te em lágrimas grossas, gritei-te em palavras densas e amei-te como fosses o único homem que já tinha amado. Quem me viu, ouviu e me abraçou, não entendia como poderia eu estar a sofrer tanto assim mas mal eles sabiam que o meu amor por ti tinha evoluído com tempo, aquele que passávamos separados. Foste o meu maior amor, a minha maior paixão, o meu maior caso, a minha maior aventura, o meu maior romance quando já não pertencias à minha vida. Amei-te como se ainda me amasses e como se fossemos ficar juntos para sempre.
Vi o que antes não tinha visto, depois de teres terminado comigo. Aumentaste em todos os teus aspetos depois do nosso último beijo. Na altura que devias passar a nada, tornaste-te no mais-que-tudo. E tu, que viste-me a chorar como louca, a tremer como doida e a suplicar-te como uma alucinada, devias perguntar-te como nunca reparaste que havia tanto amor por ti dentro de mim mas, meu amor, eu explico-te: o meu amor intensificou-se e aumentou a partir do dia em que me deixaste.
-MariaCunhaESilva
terça-feira, 18 de abril de 2017
Ele, ela, o outro e esse alguém
Ela não era quem ele acreditava que ela era, partiu-lhe o coração quando havia uma lei que só ele podia quebrar os corações que acolhia.
Eles queriam viver juntos juntos, ele amava-a como nunca tinha amado alguém e ela fingia amá-lo como tinha amado outro passado. Todo o tempo que passaram juntos foi, por um lado fingimento e por outro algo tão forte que ele não deixava que alguém quebrasse.
Ele amou-a contra tudo e todos e ela nunca lutou por ela mesma.
Ainda hoje, não se entende se ela gostava de ter o mundo contra ela ou se só se tratava de egoísmo puro e duro.
Ela chorava em cada discussão quando tudo o que realmente queria era um regresso ao passado, aquele que nunca mais voltou e ele fingia não ter saudades dela cada vez que discutiam.
Ele não chorava mas amava e ela chorava por outro enquanto dizia que amava quem estava a seu lado.
Ele voltava sempre para ela porque não encontrava alguém melhor e não amava outra pessoa, ela voltava para ele porque era um bom álibi para o sentimento que ela ainda tinha pelo outro.
Ela não falava com as amigas por serem poucas ou nenhumas e ele contava aos amigos que tinha tudo controlado quando não era verdade.
Eles tentaram viver felizes para sempre mas nunca conseguiram, por isso decidiram desistir.
Ele chorou pela primeira vez e percebeu que afinal tinham-lhe partido o coração.
Ela virou logo a página e agarrou-se a uma nova pessoa que a vida lhe trouxe.
Ele diz que nunca a devia ter amado e revolta-se por ter acreditado que ela seria diferente.
Ela simplesmente foi e não voltou.
Ele quer pedir desculpa a todas as mulheres a quem partiu o coração mas agora vai tarde. Ela, por ter o coração partido, vai partindo corações pelo caminho.
E o outro, aquele que ela verdadeiramente ama, está-se verdadeiramente nas tintas para o que ela sente. Eles acabaram mas só ele é que sente a dor do final.
Tentaram um 'felizes para sempre' mas nem foram felizes nem foram eternos. Há relacionamentos que só existem para nos darem lições de vida.
Ele cresceu e entendeu que dói ser deixado.
Ela entendeu que não vale tentar mentir-se a si mesma, porém, já anda agarrada a outro alguém. Esse alguém, espero que sobreviva ao desgosto de vê-la ir embora, porque ela sempre vai.
-MariaCunhaESilva
quarta-feira, 22 de março de 2017
Aquele texto é sobre vocês
Quem me dera escrever os vossos nomes, daqueles que amei e daqueles que usei para esquecer quem amei. Ai se eu pudesse mostrar ao mundo quem vocês são, tão diferentes uns dos outros mas guardam, simultaneamente, uma parte de mim.
Quem me dera escrever o nome do meu primeiro amor como título em letra maiúscula e dizer-lhe que o amo para sempre. Escreveria o nome de quem dei o primeiro beijo que dei enquanto o álcool passava nas minhas veias num texto curto e usaria o nome como inicio de qualquer frase.
Se o mundo fosse apenas nosso, meu e deles, eu escreveria livros para cada um deles, em agradecimento por terem-me dado o corpo, os lábios, as lágrimas, o peito, a voz ou o sentimento. Se o universo fosse apenas de quem me tocou, gritaria o nome de todos eles nas ruas das cidades.
Às hipócritas que acreditam que a vida não é para ser partilhada por tanta gente, recitar-lhes-ia poemas sobre sermos do mundo e sobre o fantástico que é sobreviver a um coração partido, sentir a pele de quem não se sabe a data de nascimento e amar durante anos. Viver é conhecer tudo isso e mais ainda. Quem me dera puder dizer que sexo é bom sem amor porque o fiz com (e gritaria o nome dessa pessoa). Quem me dera escrever, para quem me lê, o nome do homem com quem partilhei a relação mais longa. Quem me dera dizer, em formula de desculpa, o nome de todos aqueles que beijei a pensar que me poderiam fazer esquecer outra pessoa.
Se as letras são minhas e a alma também, quem me dera puder gritar, aos céus e aos mares, o nome de todos aqueles que receberam algo de mim. Quem me dera não ter de usar nomes fictícios, histórias modificadas e expressões irónicas.
Se o mundo visse o bonito que é nos entregarmos, não reagiria mal ao facto de dizer o nome completo de quem já foi mais do que um simples estranho. Mas, eu que escrevo com modificações para não afetarem a vida de quem já viveu a acompanhar os meus passos, sou apontada pelos outros como egoísta que expõe a pele e o amor que já me deram, então nem quero imaginar quem seria eu neste mundo se o título daquilo que escrevo fosse nu e cru, simples, direto e verdadeiro.
Aos que hoje me leem, não tentem entender a vida que percorro, os nomes dos homens que já foram meus e eu deles e que textos são mesmo sobre a minha vida pois por mais que eu não queira, tenho de viver com os rótulos que me apresentam e para sobreviver a isso, as minhas palavras são passadas a pente fino para não conseguirem entender de quem se trata ou se, realmente, se refere a alguém. A todos os amores, homens que já me tocaram, se um dia pensarem que aquele texto é sobre vocês, estejam em paz ou perdoem-me pois eu já não escrevo sobre mim nem sobre vocês - tenho-vos apenas guardados num canto suave, branco e intocável em mim.
-MariaCunhaESilva
quinta-feira, 2 de março de 2017
Ensinamentos dos meus amores
1º: Aprendi a amá-lo em silêncio. Guardei em mim os sentimentos. Éramos uma paixão calada, um quase-amor que foi mais amor que muitos. Ele ensinou-me a procurar o amor em textos, em livros e em músicas. Foi com ele que me apercebi que quando se ama, essa pessoa transforma-se até em flores de um jardim abandonado. Nunca o disse que o amava mas ele sabe.
2º: Ensinou-me a amar em frente dos outros. Mostrou-me as consequências de uma relação com rótulos mas também me mostrou todas as vantagens. Éramos um amor virgem sem passado a atormentar-nos. Foi com ele que vivi o meu amor de verão, aquele que sempre queremos que dure mais de dois meses e meio. Disse-lhe que o amava e ai, pela primeira vez de sempre, ouvi alguém dizer "Eu também te amo, muito!".
3 º: Ensinou-me a verdade, a realidade e a monotonia. Mostrou-me a parte menos brilhante do amor, aquela que nos faz ser apresentados aos pais. Fomos um amor para durar mas que não durou. Foi com ele que aprendi a amar com calma, sem medo de ser deixada. Disse-lhe que o amava, menos do que devia mas disse-lhe e ainda bem que disse pois ele merecia.
4º: Foi um fantasma do passado. Vivi dois amores numa só pessoa. Fomos o amor contra o mundo inteiro. Éramos nós e só nós e éramos felizes. Ele ensinou-me a seguir o meu coração apesar das quedas. Mostrou-me o céu e o inferno, fez de mim a mulher mais feliz do mundo e a mais triste de sempre. Com ele, tinha sempre os olhos brilhantes e um desejo do para-sempre. Disse-lhe que o amava como nunca tinha amado ninguém e tudo o que dizia era recíproco.
5º: O quinto amor é uma junção de várias pessoas, que todas juntas formam um sentimento. Foi com elas que cresci como mulher. Foram elas que me mostraram a vida com independência e com o corpo à mistura. Ensinaram-me que não há melhor amor que o próprio e que a felicidade é mais do que outra pessoa a nosso lado. Nunca lhes disse que os amava porque não amei mas agradeço por me terem feito crescer como pessoa.
6º Ensinou-me a escolher à minha maneira, a decidir em vez de deixar que decidam por mim. Mostrou-me o meu corpo como nunca ninguém tinha feito. Fez-me chorar de alma aberta, sem medos que me deixasse de amar. Foi um amor de luta, de gastos, de brigas e de reconciliações. Com ele, aprendi a ver o amor de maneira diferente e a amar de maneira mais madura, a aguentar a monotonia e o tempo que não para. Disse-lhe que o amava e explicava-lhe o porquê e ele respondia "Eu cá amo-te por tu seres tu." e bastava-me como resposta.
- Ensinamentos dos meus amores
-MariaCunhaESilva
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