terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Desculpa, eu não sabia


Peço desculpa mas não sabia que estava apaixonada por ti. Beijava-te de olhos fechados, mãos nos teus cabelos e de sorriso no rosto "parabéns Maria estás a ser uma boa atriz" repetia no meu caminho para casa depois de ter passado uma tarde inteira contigo... mal eu sabia que estava a mentir a mim mesma para não admitir um sentimento que existia dentro de mim.
Sabias-me tão bem e eu não me lembrava que o amor podia ser assim, leve e doce. Trocávamos poucas palavras e muitos beijos, poucas discussões e muitos sorrisos, poucos "gosto de ti" e muitos passeios em locais onde ninguém nos conhecia. Quando saíamos do meu quarto visitávamos recantos da cidade onde fosse impossível alguém nos ver, "não me dês a mão" e tu continhas-te, "não nos podemos beijar que ainda alguém nos vê" e tu calavas-te e aguentavas os meus pedidos. Nunca te agradeci e se ainda for a tempo, obrigada por isso e por inconscientemente teres curados todas as minhas feridas que estavam abertas quando te conheci.
Estávamos ambos quebrados e a nossa junção era apenas mais uma tentativa nossa para tentar colar de novo todos os estragos que o passado começou. Nunca te contei o quanto já tinha amado antes e tu, tanto como eu, remeteste-te ao silêncio. Vivíamos o presente sem pensar no que já tinha acontecido connosco antes... nunca soubeste em quantas camas me deitei antes de chegar à tua e eu nunca soube porque razão decidiste pousar mais tempo nos meus braços em vez de todos aqueles que tinhas à tua disposição.
"Estamos juntos mas não te amo" "também não te amo" e ambos sorriamos pois se não havia sentimento não poderia haver possibilidade de nos magoarmos como antes tínhamos sido. "Deixo-te escolher o filme mas sei que não me amas" e eu sorria-te como se o mundo parasse por tu não me amares também. Não chegámos a ser algo mas não fomos nada e hoje com o peso do tempo que passou consigo ver que não te dei a oportunidade que devia devido ao quanto quebrada estava e tu de tão quebrado que já tinhas estado não querias unir os meus cacos com medo que eu te deixasse tão partido como já te tinham deixado.
Estou inteira pois de um certo modo conseguiste ensinar-me a curar todos aqueles arranhões que marcavam a minha pele e agora que já não sou pedaços como antes era, quando te segurava na cara e te beijava a bochecha devagar. Lembro-me de os meus olhos brilharem quando recebia uma mensagem rápida que dizia "estou a ir ter contigo", se viesses no final do dia eu já era feliz desde manhã mas inventava desculpas a mim mesma para conseguir acreditar que não estava apaixonada por ti.
Lembro-me de uma vez no silêncio da noite e no silêncio do quarto sentir a tua mão na minha barriga enquanto que eu de olhos fechados ouvia apenas a tua respiração, calma e constante... desculpa se nunca percebi que te amava da mesma forma. Recordo-me também de te olhar de longe e admirar-te, desculpa se nunca te o disse. Eu não sabia que estava apaixonada por ti.
Um dia decidiste ir embora e eu sorri, nem uma lágrima caiu na minha cara. "Não te amo por isso podes ir" disse-te. Era amor e eu não sabia. Era mais do que foi e eu não me apercebi. Desculpa.
Desculpa mas eu não sabia que estava apaixonada por ti pois o medo de sentir tal coisa era maior do que o sentimento que havia. Hoje não me resta dor nenhuma ou medo algum e por isso escrevo-te na esperança que me digas "desculpa por ter ido embora".
Eu desculpo.
Tu desculpas-me?
É que eu não sabia que te amava.

-mm

 




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