Escrevo e amo sem pensar e ainda estou à espera que a vida me diga se é um defeito ou uma qualidade.
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
Perder a tampa da caneta
Quando era mais nova e perdia a tampa da minha caneta entrava em pânico enquanto via todos os meus amigos a colocarem uma tampa de uma caneta sem tinta para tentar não aumentar os estragos, para tentarem não ficarem sem tinta naquela que ainda lhe restava. Chamo-lhe ingenuidade de criança mas ainda hoje continuo assim. Vejo todos os meus amigos a taparem amores com outros que não se encaixam como deviam, vejo todo o mundo a tentar não acabar com a tinta em vez de aceitarem um final e chorarem. Pessoalmente prefiro não ter nada do que ver a minha caneta com uma tampa completamente diferente, há combinações que que não devemos criar só para substituir o vazio ou porque não aceitamos o final de algo. Olho em volta e todo o mundo escreve e eu choro noites sem fim por não haver nem uma réstia de tinta na minha caneta e eu juro que a escrita é fundamental para mim. Não sei avaliar se torno as coisas complicadas ou se todos os que estão a minha volta preferem tornar tudo tão fácil mesmo que abdiquem do sentido de algo. Prefiro acabar tudo de vez do que carregar no meu estojo uma caneta que um dia vai acabar por deixar de escrever e que andei a guardar com uma tampa que não era dela originalmente apenas para me proteger. Se a minha grande paixão é a escrita só devo entregar ao papel palavras criadas com a tinta de uma caneta que seja inteiramente perfeita a meus olhos. Dói-me dizer adeus mas pelo menos não ando a negar o que se nota a olhos vistos, o facto de que a caneta já não vai ser a mesma com uma tampa diferente.
-mm
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